sábado, 21 de janeiro de 2017

 ANÉIS

PRINCÍPIO SEM FIM



Elie Saab



Elie Saab



 Elie Saab






Georges Hobeika


ANÉIS

PRINCÍPIO SEM FIM


Os anéis são jóias muito antigas, os quais na antiga China, simbolizavam: o ciclo indefinido sem solução de continuidade.
Diversos museus que conservam peças do antigo Egipto, possuem numerosos anéis, o que demonstra a importância destes ornamentos na civilização que tanto fascina todos quantos beberam das suas fontes (Gregos e Romanos).
Mas, este texto não é uma lição de história e quem pretender um conhecimento mais profundo pode ler na revista Moda & Moda nº. 20, datada de Junho de 1990, um trabalho de investigação da autoria da directora (pág. 151 a 160).
O que agora podemos afirmar é que os anéis de compromisso dos séc. XVII e XVIII vêm da noite dos tempos e foram pequenos faróis a iluminar paixões.
Acariciaram o “frou-frou” dos cetins, deram-se a beijar nas mãos que Watteau eternizou nas suas telas.
Andaram de salão em salão nos dedos das fidalgas portuguesas. Foram à missa às igrejas do Chiado, passearam-se de coche e de cadeirinha, aos solavancos, pelos empedrados do Rossio.
Acompanharam, fielmente, as fiéis e as infiéis.
Enxamearam os dedos das elegantes contemporâneas dos faustos de Napoleão.
Foram retratados por Ingres nas mãos da condessa de Senonnes.
Agora, de repente, os anéis revivem os seus faustos na moda da actualidade.
E se é frequente ouvirmos, a propósito da crise que nos atacou, por termos sido governados por que nem sabem governar as suas casas,” vão-se os anéis fiquem os dedos”, apetece-nos perguntar? Que anéis?

M.G



Jean-Auguste Dominique Ingres  (1780 Moutauban – 1865 Paris)
Retrato de Madame de Senonnes, pintado por Ingres em 1814, vendo-se as mãos repletas de anéis- uma moda que se repete agora no séc. XXI.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017


GATOS
A Grande Invasão com a paixão D & G













GATOS

A Grande Invasão com a paixão D & G


A grande invasão dos gatos, quanto a nós começou nos meados do séc. XX, a partir do momento em que Audrey Hepburn apareceu no filme “Breakfast at Tiffany” (1961) com o seu gato e quando a revista “Jours de France” publicou a actriz com o gato, em Janeiro de 1962.
Contudo, foi preciso decorrer algum tempo até que os gatos, felinos  que habitavam entre as ramagens das árvores durante o dia, e senhores dos telhados, local onde marcavam as “assembleias” miando durante a noite, especialmente sob os luares de Janeiro, ganhassem estatuto de animais de estimação.
Alimentavam-se dos roedores que caçavam (ratos) e dos restos de comida que apanhavam nos lixos.
Nas principais cidades do país, em certas casas dava-se então peixe aos gatos, mas não tinham direito a entrar em salas de visitas.
Mas, isto foi assim até que a mulher mais chique da história do cinema teve orgulho no seu gato dando-lhe todas as atenções. Falamos de Audrey Hepburn, (1929-1993), a grande senhora do mundo do cinema que revolucionou entre muitas outras modas, o interesse pelos gatos.
Todavia, o remate final surgiu com a paixão de Karl Lagerfeld pela sua gata Choupette que até já tem marcas licenciadas em seu nome, mas com ligeiras alterações.
A gata mais famosa do mundo da moda tem mais mordomias do que a maior parte do comum dos mortais.
Dona Choupette foi capa da Vogue Brasil, ao colo da manequim Gisele Bundchen brinca com bolinhas e outros brinquedos, passa horas lambendo o seu pelo como qualquer outro gato, mas com a grande diferença de ter duas criadas exclusivamente ao seu serviço.
Como se isto fosse pouco, tem conta bancária, a sua sobrevivência assegurada, alimenta-se de comida preparada por chefes de topo, viaja de avião a jacto na cabine do piloto, segue dieta com um nutricionista e vai todas as semanas ao veterinário para escovar os pelos e fazer exames sanitários.
Toda esta mudança faz confusão a qualquer mortal que leia ou veja nos telejornais que existem crianças subnutridas, a morrer de fome em muitos países africanos. E, também há fome na Europa!
Sabemos que a história do gato doméstico remonta à Antiguidade. Sabe-se através dos estudos de biólogos e historiadores que estes felinos têm acompanhado os homens há tanto tempo que se torna possível afirmar que a sua História se chega a confundir com a própria História da Humanidade.
Os gatos que conhecemos são uma adaptação evolutiva dos gatos selvagens africanos, o que faz com que mantenham diversas características dos felinos selvagens, tais como o costume de caminhar em silêncio, usando as suas almofadas plantares e as unhas retrácteis.
O mais antigo dos seus ancestrais é o “Miacis”, mamífero que viveu há cerca de 40 milhões de anos, no final do período paleoceno, possuidor do hábito de caminhar sobre os galhos das árvores.
A evolução desse animal deu origem ao “Dinictis”, animal que já possuía a maior parte das características presentes nos felinos actuais.
A sub-família “Felinae” que agrupa os gatos domésticos surgiu há cerca de 12 milhões de anos, expandindo-se a partir de África até alcançar as terras onde actualmente se situa o Egipto. Segundo os grandes investigadores da Antiguidade clássica, foram os egípcios o primeiro povo a adoptar os gatos como animais de trabalho e estimação. Os gatos de estimação são muito mais sensíveis do que os gatos vadios porque o convívio com as pessoas torna-os muito mais mansos. O trabalho dos gatos foi muito levado em consideração porque eram eles que exterminavam os ratos que invadiam os silos de cereais e outros espaços onde se armazenavam os alimentos.
Nestas estimas, afinal, há sempre por trás, o interesse.
Registos encontrados no Egipto, como gravuras, pinturas e esculturas de gatos, indicam que a relação desse animal com o homem, tiveram início há cerca de 9.500 anos.
Elementos encontrados em escavações indicam que, nessa época, os gatos eram venerados e considerados animais sagrados. Bastet (Bast ou Fastet), a deusa da fertilidade e da felicidade, considerada benfeitora e protectora do Homem, era representada por uma mulher com cabeça de gato e frequentemente rodeada de vários outros gatos.
O amor dos egípcios pelos gatos era tão importante que existiam leis a proibir que os gatos fossem “exportados”. Qualquer viajante que fosse apanhado a traficar um gato era punido com a pena capital. Quem matasse um gato era punido da mesma forma e, em caso de morte natural do animal, os seus donos deveriam usar trajes de luto.
Hoje, há muitos familiares próximos, filhos, pais e irmãos, que nem luto fazem… Que reviravoltas se têm visto neste mundo!
E, passamos adiante pelos gatos que alcançaram a Pérsia antiga, para passarmos à posição privilegiada dos gatos na Europa cristã até à Idade Média. Depois, pobre gatos que foram acusados de associação a maus espíritos e acabaram queimados com as pessoas acusadas de bruxaria.
Com o final da Inquisição, os gatos foram novamente aceites nas moradias e nos navios, assumindo a função de caçadores de roedores.
Subiram de categoria e até eram considerados animais chiques que gozavam de boa posição social. Foi o tempo de criar raças puras, com “pedigree”. Uma das primeiras raças criadas para essa finalidade foi a persa, que ficou conhecida após a sua introdução pelo viajante italiano Pietro della Valle.
A primeira exposição de gatos, teve lugar Londres no ano de 1871.
A Baronesa de Resende, de seu nome Maria do Carmo de Mendonça Pessanha Valdez de Moura Moraes de Resende, primeira locutora oficial portuguesa, que trabalhou na Emissora Nacional e, também no Rádio Clube Português, era uma mulher vanguardista que vivia fascinada pelo seu gato de estimação. Faleceu em 1982 e não foi preciso esta moda actual de todas as senhoras viverem fascinadas por um gatinho, para que ela não visse, segundo palavras suas: “uma grande nobreza nos gatos”. Todo o farrapo tem honrarias, a esta grande senhora a quem chamávamos uma “Enciclopédia Ambulante” nem tem uma rua. Mas, para lhe darem uma ruazinha em Alfragide como o fizeram com a Maria Leonor é melhor deixarem-na em Paz. Este país tem dirigentes sem memória.
A Moda dos gatos com gatos
Para ilustrarmos esta onda que se cruza de norte a sul e de este a oeste, em Portugal, escolhemos cinco modelos de uma das duplas da nossa eleição: Dolce & Gabanna. Eles sabem agradar às suas clientes. Parabéns Domenico Dolce e Stefano Gabanna. Estes modelos com gatos são uma graça!

Marionela Gusmão