sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A ESSÊNCIA DA MODA&MODA

A grande diferença da “Moda & Moda” é ser uma revista que nasceu do sentimento de amar palavras, ideias e arte. De se dirigir aos leitores com a harmonia de quem soube herdar carisma e elegância, revelando tradições aos eleitos que o merecem. Não se moveu pelos milhões que permitem as grandes vidas, muitas delas ocas de conteúdos.

O nosso segredo, é estarmos sempre em cima dos acontecimentos, sabermos ler nas entrelinhas o que está na moda do vestuário que veste a nudez impúdica do céu, o Sol escaldante que entontece as tentações que a Lua despe, as rimas que o mar entende e as montanhas enaltecem. O nosso cofre abre-se na harmonia que os artistas tomaram entre os dedos quando cinzelam ou pintam o que existe de mais belo nas grandes exposições dos melhores Museus do mundo, onde somos estimados e apreciados e nos tratam mil vezes melhor do que as chefias portuguesas, à honrosa excepção do Museu de Arqueologia e do Museu Nacional de Arte Antiga.

Sempre acreditei que por cima do cinzento das nuvens há o azul do dia e o da noite, mesmo antes de viajar de avião.


Moda & Moda – A sua História

A Moda & Moda é uma revista que nasceu em 1984, dentro das linhas do melhor estilo europeu e americano, apostada na Moda e na História do Traje, encarando-a como uma vertente das Artes Decorativas, e dando relevo a tudo quanto estava e está em moda (personalidades, lugares, ideias). Daí, a repetição da palavra Moda & Moda.

Desde o seu nascimento a 6 de Junho de 1984, Moda & Moda foi uma pedrada no charco editorial português, pouco habituado à qualidade elevada que sempre guiou esta revista.

Fundada por mim, na qualidade de directora e pelo médico Dr. Firmino Fernandes (meu marido) na área administrativa, a Moda & Moda rapidamente atingiu o seu público- alvo: a classe A. Contudo, a sorte não bafejou a revista, pois pouco mais de seis meses, após a sua entrada triunfal nas bancas portuguesas, sofreu o brutal golpe da morte do seu sócio.

Infelizmente, fiquei eu que fazia menos falta pois não deixei doentes desesperados com a falta do seu médico.

Mulher de garra, assumidamente lutadora, nunca chorei diante de ninguém, arregacei as mangas e comecei a trabalhar, triplicando a minha actividade, já que mantive e mantenho, como gerente, a empresa de Saúde fundada pelo marido, uma área a que não estava ligada, mas para levar por diante o sonho de um homem, totalmente contra a eutanásia, que na sua vida diária contactou com muitos doentes, cujas famílias se queriam libertar deles, de qualquer forma. Referiu-me muitas vezes que essa questão viria a surgir, mas não se pouparia a lutar para que tal calamidade chegasse a Portugal. Aliás, era tão vanguardista, que foi ele quem criou o primeiro Serviço de Medicina de Trabalho Inter-empresas, em 1968, quando o Ministério da Saúde pouca importância dava à prevenção e, também foi ele quem elevou esse ramo da Medicina à categoria de especialidade pela Ordem dos Médicos, onde estava inserido, além da forte participação na Revista de Medicina do Trabalho e dos Congressos dessa mesma especialidade. Depois da sua morte, adeus revista de Medicina do Trabalho e adeus Congressos.

Quem sabe o que foi a Saúde em Portugal e que o Dr. Firmino foi um dos eleitos do neuro-cirurgião Dr. Vasconcelos Marques, e do cirurgião cardio-vascular Dr. Machado Macedo, entende que a sua paixão para evitar que as populações adoecessem, era desmedida. Batia-se por impor a prevenção.
A sua morte, muito prematura, aos 46 anos de idade, deixou a saúde em Portugal mais pobre e a mim, entregue à minha sorte, ao meu espírito batalhador, à minha vontade de dotar o meu país com uma revista que se apoiasse nas Artes Plásticas e Decorativas, na História, em geral, onde os valores do conhecimento predominassem.

A Directora

Marionela Gusmão