sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Balmain

A Detacher

Jean Paul Gaultier

A Detacher

A Detacher


AS TRANÇAS NA MODA FEMININA 

Quando eu era criança quem me penteava todas as manhãs, antes de ir para a escola, era a minha avó. E ou por que ela tinha as mãos com pouca leveza ou porque não gosto nada que me prive da mais pequena liberdade, detestava as tranças que ela me fazia.
Mais tarde, aí por volta dos meus catorze anos, decidi pentear-me puxando o cabelo para o lado esquerdo através de uma trança. Depois, as modas surgem e havia em mim um gosto por tudo o que estivesse na ordem do dia e lá passei a usar os cabelos presos em rabo-de-cavalo.
Nesses tempos estava eu bem longe de saber que na civilização Maia, as tranças são um símbolo do deus solar…
Por oposição à espiral que se considera como um tema aberto e optimista, Marcel Brion vê na trança um tema fechado e pessimista.
Quem sabe, se instintivamente detestava as tranças.
Pela nossa parte maravilhamo-nos com os esplendorosos penteados das damas renascentistas. Como é linda a Simonetta Ianuensis Vespuccia, pintada por Piero del Cosimo! Como é maravilhosa a Isabel de Portugal, mulher de Carlos V, com seus cabelos entrançados, pintada por Ticiano. Como são deslumbrantes as grandes damas do Renascimento…
Porém, as tranças da actualidade não passam por essas mulheres formosas, já que têm raízes africanas que vêem perdurando através dos séculos. Seja como for, as tranças estão na moda e cada uma de nós é senhora de escolher o penteado que melhor enquadre o seu rosto.  

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018


AS AMOSTRAS DA MINHA JUVENTUDE

E os estragos que o tempo faz…

A última parte da minha juventude decorreu em Lisboa num mundo estudantil alegre, descontraído e com muito convívio.
Aos sábados íamos tomar chá à Rua Garrett na Pastelaria Benard ou na Marques, mas havia sempre alguma de nós que fazia da pedinchice das amostras um passatempo divertido.
Pela minha parte, não achava graça nenhuma por não me parecer bem incomodar os pobres lojistas para darem amostras de tecidos que não me iriam servir para nada. Mas, tinha colegas que achavam essa cena muito divertida. E, então, iam ao Tátá Rodrigues, à Casa Sousa, ao Eduardo Martins e aos Armazéns Chiado e Grandella, recolher amostras.
Enquanto as minhas amigas faziam essa prospecção eu ia espreitar as lojas de chapéus, a Pompadour dos soutiens cheios de rendas, e até a Casa Saboia com roupa masculina muito bonita, embora a minha preferência nº. 1, fosse as montas das livrarias.
Agora, quando vi um casaco todo feito de retalhos, apresentado pela dupla Dolce & Gabanna para a actual temporada, fiquei com a sensação que afinal as minhas colegas eram umas vanguardistas.
Simplesmente, hoje, a Rua Garrett é um amontoado de turistas, com garrafas de cerveja, Coca-Cola ou água, nas mãos, uma mochila às costas e com havaianas nos pés. Essas lojas já não existem e a Rua Garrett é tudo menos uma via elegante da cidade de Lisboa.
Os estragos que o tempo faz!

Marionela Gusmão