A grande diferença da “Moda & Moda” é ser
uma revista que nasceu do sentimento de amar palavras, ideias e arte. De se
dirigir aos leitores com a harmonia de quem soube herdar carisma e elegância,
revelando tradições aos eleitos que o merecem. Não se moveu pelos milhões que
permitem as grandes vidas, muitas delas ocas de conteúdos.
O nosso segredo, é estarmos sempre em cima dos
acontecimentos, sabermos ler nas entrelinhas o que está na moda do vestuário
que veste a nudez impúdica do céu, o Sol escaldante que entontece as tentações
que a Lua despe, as rimas que o mar entende e as montanhas enaltecem. O nosso
cofre abre-se na harmonia que os artistas tomaram entre os dedos quando
cinzelam ou pintam o que existe de mais belo nas grandes exposições dos
melhores Museus do mundo, onde somos estimados e apreciados e nos tratam mil
vezes melhor do que as chefias portuguesas, à honrosa excepção do Museu de
Arqueologia e do Museu Nacional de Arte Antiga.
Sempre acreditei que por cima do cinzento das
nuvens há o azul do dia e o da noite, mesmo antes de viajar de avião.
Moda & Moda – A sua História
A Moda & Moda é uma revista que nasceu em
1984, dentro das linhas do melhor estilo europeu e americano, apostada na Moda e
na História do Traje, encarando-a como uma vertente das Artes Decorativas, e
dando relevo a tudo quanto estava e está em moda (personalidades, lugares,
ideias). Daí, a repetição da palavra Moda & Moda.
Desde o seu nascimento a 6 de Junho de 1984,
Moda & Moda foi uma pedrada no charco editorial português, pouco habituado
à qualidade elevada que sempre guiou esta revista.
Fundada por mim, na qualidade de directora e pelo
médico Dr. Firmino Fernandes (meu marido) na área administrativa, a Moda &
Moda rapidamente atingiu o seu público- alvo: a classe A. Contudo, a sorte não
bafejou a revista, pois pouco mais de seis meses, após a sua entrada triunfal
nas bancas portuguesas, sofreu o brutal golpe da morte do seu sócio.
Infelizmente, fiquei eu que fazia menos falta
pois não deixei doentes desesperados com a falta do seu médico.
Mulher de garra, assumidamente lutadora, nunca
chorei diante de ninguém, arregacei as mangas e comecei a trabalhar, triplicando
a minha actividade, já que mantive e mantenho, como gerente, a empresa de Saúde
fundada pelo marido, uma área a que não estava ligada, mas para levar por
diante o sonho de um homem, totalmente contra a eutanásia, que na sua vida
diária contactou com muitos doentes, cujas famílias se queriam libertar deles,
de qualquer forma. Referiu-me muitas vezes que essa questão viria a surgir, mas
não se pouparia a lutar para que tal calamidade chegasse a Portugal. Aliás, era
tão vanguardista, que foi ele quem criou o primeiro Serviço de Medicina de
Trabalho Inter-empresas, em 1968, quando o Ministério da Saúde pouca
importância dava à prevenção e, também foi ele quem elevou esse ramo da
Medicina à categoria de especialidade pela Ordem dos Médicos, onde estava
inserido, além da forte participação na Revista de Medicina do Trabalho e dos
Congressos dessa mesma especialidade. Depois da sua morte, adeus revista de
Medicina do Trabalho e adeus Congressos.
Quem sabe o que foi a Saúde em Portugal e que
o Dr. Firmino foi um dos eleitos do neuro-cirurgião Dr. Vasconcelos Marques, e
do cirurgião cardio-vascular Dr. Machado Macedo, entende que a sua paixão para
evitar que as populações adoecessem, era desmedida. Batia-se por impor a
prevenção.
A sua morte, muito prematura, aos 46 anos de
idade, deixou a saúde em Portugal mais pobre e a mim, entregue à minha sorte,
ao meu espírito batalhador, à minha vontade de dotar o meu país com uma revista
que se apoiasse nas Artes Plásticas e Decorativas, na História, em geral, onde os
valores do conhecimento predominassem.
A Directora
Marionela Gusmão
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