AS AMOSTRAS
DA MINHA JUVENTUDE
E os
estragos que o tempo faz…
A última
parte da minha juventude decorreu em Lisboa num mundo estudantil alegre,
descontraído e com muito convívio.
Aos sábados
íamos tomar chá à Rua Garrett na Pastelaria Benard ou na Marques, mas havia
sempre alguma de nós que fazia da pedinchice das amostras um passatempo
divertido.
Pela minha
parte, não achava graça nenhuma por não me parecer bem incomodar os pobres
lojistas para darem amostras de tecidos que não me iriam servir para nada. Mas,
tinha colegas que achavam essa cena muito divertida. E, então, iam ao Tátá
Rodrigues, à Casa Sousa, ao Eduardo Martins e aos Armazéns Chiado e Grandella,
recolher amostras.
Enquanto as
minhas amigas faziam essa prospecção eu ia espreitar as lojas de chapéus, a
Pompadour dos soutiens cheios de rendas, e até a Casa Saboia com roupa
masculina muito bonita, embora a minha preferência nº. 1, fosse as montas das
livrarias.
Agora,
quando vi um casaco todo feito de retalhos, apresentado pela dupla Dolce &
Gabanna para a actual temporada, fiquei com a sensação que afinal as minhas
colegas eram umas vanguardistas.
Simplesmente,
hoje, a Rua Garrett é um amontoado de turistas, com garrafas de cerveja,
Coca-Cola ou água, nas mãos, uma mochila às costas e com havaianas nos pés.
Essas lojas já não existem e a Rua Garrett é tudo menos uma via elegante da
cidade de Lisboa.
Os estragos
que o tempo faz!
Marionela
Gusmão